a história de Oscar lynch

 

O incidente ocorreu por volta do ano de 1976, na Islândia. Os detalhes são vagos, mas consegui algumas fontes talvez confiáveis e elas giram em torno de um homem chamado Oscar Lynch. Nascido em 1939 talvez 1940, Oscar nunca foi muito fã de mitos. A mãe era religiosa fervorosa, avisava a todos de uma seita antiga que se escondia nas profundezas das florestas do país, claro ninguém a levava a sério, nem Oscar. Se formou em engenharia e era um homem das exatas e se casou aos 21 anos, os registros não contam quem era a mulher. Teve uma filha aos 24, a mulher morreu no parto, isso no ano de 1963.

Tudo se inicia de fato numa segunda-feira às 11:30 da manhã, Oscar estava em casa trabalhando em alguns projetos, deixará sua filha na escola mais cedo. O dia estava nublado e frio, com uma leve névoa úmida e chuvosa, tempos incomuns nessa época do ano. Ele ouviu um som lá fora, supondo que foi só um animal e ignorou e continuou com seu trabalho, rabiscando, calculando, mas ele ouviu novamente. Estressado foi checar, mas era somente o cachorro do vizinho, Um Husky preto e branco chamado Gullveig. O desgraçado estava revirando o lixo de Oscar e permaneceu lá, com uma cara de idiota. ‘’Cachorro imbecil’’, pensou Oscar, mas notou que ele olhava fixamente para sua pessoa, como se observasse sua alma, balançou a cabeça e voltou a trabalhar.

Logo se deu de conta que eram duas da tarde e sua filha ainda não retornará da escola, balançou a cabeça e pensou ‘’deve estar com as amigas’’. Mas também lembrou-se, que era estranho, sua filha era muito disciplinada e sempre o avisava de tudo, ‘’deve ter se perdido’’. E Oscar começou a pensar o pior, inúmeras possibilidades correram em sua mente, e conforme o tempo passava mais seu medo aumentava e teorizava mais e mais. Decidiu finalmente ligar para o xerife, aguardou e aguardou, mas ele não retornou à ligação. Tentou ligar então para a mãe da amiga de sua filha que também não atendeu, o que fez Oscar pensar: ‘’a linha telefônica caiu?’’. Olhou pela janela e o cachorro do vizinho ainda estava lá sorridente e babando que nem um retardado como sempre vazia, mas algo estava estranho. ‘’não deve ser nada!’’, pensou confiante e tentou ligar novamente para o xerife que desta vez respondeu a chamada dizendo, ‘’alô?’’

 

 

Foram-se 30 minutos de conversa totalmente improdutivas, o que irritou Oscar, mas ele conseguiu uma informação importante que o deixou temeroso. Sua filha foi vista pela última vez às 12:15 entrando na floresta, sozinha. ‘’Por que entrará na floresta?’’, pensava Oscar, seria uma aposta entre as amigas? Curiosidade de adolescente? Ou algo mórbido? Sua filha era uma pessoa muito esotérica ao contrário de si mesmo, adorava o folclore e recheava seu caderno de runas. Oscar se culpava por não purgar esse mal quando ela ainda era criança, temia o Ragnarok e o bicho papão, Ele não queria que sua menina acabasse que nem a mãe nem como a esposa. Decidido ele saiu a procura da única pessoa que lhe restara.

Em seu carro Oscar vagava pela cidade, estava deserta. ‘’Mas que diabos?’’ ele refletia, isso não fazia sentido, a cidade era pequena é claro, mas isso era demais; ‘’talvez teve um toque de recolher e não me avisaram’’, naquele momento, teorizava o que poderia ser, mas isso não fazia sentido. Foi até a delegacia e bateu na porta uma, duas, três quatro vezes; mas sem resposta. Olhou pelo vidro e não viu ninguém, as luzes apagadas e um silencio quase mortal lá dentro. Era simplesmente bizarro, Oscar não sabia explicar. ‘’o xerife me ligou faz alguns minutos, como o lugar está vazio?’’. A névoa ficava mais densa e o ar frio, as nuvens se juntavam num aglomerado colossal deixando o céu num nublado entorpecido. Fechou o carro e caminhou pela cidade, não se via alma viva alguma, silenciosa e esquisita, Oscar sabia que tinha algo de errado era obvio, mas não saber o que era o angustiava, toda vez que sua mente ousava uma explicação sobrenatural sua cabeça gritava para si mesmo ‘’NÃO!’’, era inaceitável, o sobrenatural não existia, ele repetia para si mesmo. Sorriu ao lembrar de um programa de um cara que desmistificava mitos, desde fantasmas a poderes psíquicos, era engraçado. Parou de sorrir, contudo e tremeu, ao se lembrar que quando fora deixar sua menina na escola, a cidade na verdade estava mais cheia do que o normal.

Sentiu-se observado e viu Gullveig lá fitando-o, chegou perto do cão, ele babando com o sorriso canino e a mesma cara de imbecil de sempre. Disse para o canino ‘’vaza daqui’’, Mas ele continuou lá parado o que o fez estranhar, até onde se lembrava, Anders seu vizinho e dono do cachorro tinha o adestrado e não era do seu feitio desobedecer. Falou de novo ‘’vamos sai daqui! Vai embora’’, mas ele permaneceu lá. Oscar desistiu e continuou seu caminho. Pensava ele ‘’Será mesmo que declararam um toque de recolher enquanto eu trabalhava? Mas por causa de que? Provavelmente algum acidente só pode ser!’’.

 

Após cerca de 10 minutos procurando pela cidade sem sucesso, Oscar finalmente chegou aos arredores da floresta, eram 3 e 20 da tarde e ele refletiu se realmente era uma boa ideia entrar na floresta. Ela tinha uma aparência anormal, de tantos lugares da Islândia para morar e ele foi escolher logo um perto das poucas florestas que restaram no país. ‘’os vikings fizeram um trabalho magnifico em acabar com essa mata toda’’. Pensou ele. Olhou em volta, cogitava se entrar era uma boa escolha ou não, até que viu uma mulher, aproximadamente de uns 21 anos, loira e pálida como a neve e nua adentrando a floresta. Oscar ficou totalmente confuso, estava mais preocupado com o fato dela estar desprovida de roupas no frio bizarro e incomum que fazia somada a ameaça de chuva do que o fato dela estar entrando na floresta no primeiro lugar, mas como era a única pessoa que encontrará tentou segui-la para ver se conseguia alguma informação de útil, qualquer que seja.

A floresta estava mais escura que o normal, era estranho tentava se manter na trilha apagada quase oculta pela vegetação, procurando pela mulher mas sem sucesso. O pouco sol que fazia praticamente não penetrava entre as árvores e a grama estava num verde leve e morto o que não ajudava, o silêncio mortal quebrado somente pelos passos de Oscar. Andou, eram 3 e 40 da tarde agora, parecia que seu caminho não tinha fim, não tinha uma pista, não tinha nada. Explorava a mata sem prestar muita atenção, contudo sentiu um cheiro podre, um cheiro de carniça nojento e olhou para cima apenas para ter uma visão horrenda, um corpo amarrado numa arvore, nos estágios iniciais da decomposição, pálido e com uma expressão de pavor, as moscas em volta se banqueteando desse tesouro desgraçado. Oscar sentiu ânsia de vomito e acabou falando baixo para si mesmo ‘’É a porra do meu vizinho...’’; isso explicava porquê não tinha visto Anders faz alguns dias e isso também explicava porquê o cachorro estava revirando o lixo e seguindo Oscar! Uma vez que, ele já estava acostumado com ele. Suspirou e disse enojado, mas bem fundo com um pouco de orgulho ‘’bom um enigma resolvido pelo menos’’. Notou algo bem abaixo do cadáver, uma runa... uma pista já que sua filha adorava isso e eram bem provável que ela tenha feito isso. Era a runa de Algiz.

Começou a olhar de árvore em árvore, seguindo as runas que encontrava. Sentia que estava perto de encontrar sua querida Ingrid, ia sempre cauteloso, mas rápido até que, chegou num ponto que elas não apareciam mais, estava decepcionado... perdera a única pista que tinha, passou as mãos pelos cabelos castanhos levemente grisalhos e gritou ‘’PORRA!’’. Já estava de saco cheio de tudo isso e então viu novamente... Gullveig

Chegou perto do cachorro, já o odiava com todas as forças, se agachou levemente e pôs as mãos no joelho e dizendo ‘’Mas que merda, você não para de me seguir seu maldito’’. O cão continuou lá sem reação sorrindo e babando e Oscar disse para ele ‘’Você é uma desgraça mesmo, vai lá para o seu dono vai’’. E Gullveig respondeu com uma voz tenebrosa ‘’Oscar... sua filha está em perigo Oscar’’. Este por sua vez cambaleou e caiu no chão duro. O animal havia falado? Sua mente gritava para si mesmo ‘’estou maluco mesmo, isso não é possível, o cachorro deve estar com algum problema. É de uma raça diferente, deve estar nos estágios iniciais de uma evolução, deve ser muito inteligente’’. Falava tudo isso para si mesmo e o cachorro disse ‘’corra Oscar, corra. Ingrid corre perigo’’. Se levantou e saiu andando balançando a cabeça tentando ignorar o que acabara de acontecer.

Eram agora 4 e 25 da tarde e começara a chover de leve, decidiu desistir da busca e esperar até o dia seguinte, assim teria mais sorte e começou a fazer o caminho de volta, era bom de geografia então lembrava do caminho que tomara na ida, além de marcar diversos pontos de referencia para ajuda-lo na volta. Mas quanto mais andava mais as coisas ficavam esquisita, encontrou o cadáver de Anders. Até ai tudo bem, mas conforme andava sentia que seu caminho não tinha fim, andou por cerca de 15 minutos e estava exausto. A floresta parecia mais densa e as árvores pareciam ter se curvado bloqueando mais ainda luz, como se não quisessem que Oscar saísse de lá. Mais uma vez pensou consigo mesmo, ‘’devo ter cometido um erro e me perdido ou a floresta cresceu bastante nos últimos anos’’. Continuava a andar, a chuva o encharcava e fortalecia o frio que sentia, Era uma condição animalesca.

No chão achou uma folha antiga, mas bem preservada, mesmo com a chuva, falava de um culto de bruxas diferente dos habituais do paganismo nórdico, citava Abel por algum motivo e uma ‘’Dama’’ cultuada por esse culto. Leu aquilo com desprezo, a seguinte passagem trazia uma informação interessante contudo.

‘’Abel, na noite anterior ao dia que foi morto por seu irmão cain, Foi forçado por Lilith a procriar com ela que apareceu diante dele, primeiro tentando seduzi-lo e corrompe-lo, mas sem sucesso. O senhor então puniu Lilith mais uma vez fazendo com que sua prole seja odiada por todos os seres que pisam e vão pisar na terra, mas a prole de Lilith recebeu um presente de um ser que na época usava o nome de Aradia... e esse presente foi a bruxaria, A dama escarlate fez isso somente por diversão e nada mais e isso causou caos entre os homens.’’

Achou interessante, era um ponto de vista curioso, mas não fazia sentido, estava mais preocupado com o bem estar de Ingrid. Bruxaria não era real, mas o que essas seitas faziam eram e Oscar estremeceu de preocupação por sua filha. Andava e lia as folhas indiferente e debochando mentalmente, pensava consigo mesmo ‘’o camarada que escreveu essas devia estar bem embriagado ou ser muito estranho’’. Olhou o relógio e se desesperou 5 e 10 da tarde, se não saísse da floresta antes do anoitecer estava praticamente condenado, especialmente com o risco de uma seita maluca na floresta. Disso não tinha certeza, mas preferia não arriscar e começou a andar o mais rápido que podia, queria sair da floresta, por um instante seus instintos de sobrevivência falaram mais alto que os paternos, mas tinha um pouco de razão em assim o faze-lo, se anoitecesse nunca acharia o que veio buscar em primeiro lugar, estava despreparado e confiante de que conseguiria sair fácil caso necessitasse, mas esse não foi o caso.

A chuva cessara e ele se sentou, olhou no relógio. 5 e 40... pensou ‘’merda o que eu vou fazer agora?’’. Era fato que a situação não era favorável, pensava no que acontecera com Ingrid, imaginava o pior, pouco importava agora os vizinhos, a cidade, o xerife. Só a filha dele o preocupava. Levantou e andou mais sem esperança, viu o sol se pondo, a luz lentamente indo ao seu doce sono dando lugar à penumbra da noite... andava sem esperança alguma, faminto e maltrapilho.

Viu então uma luz, uma fagulha de esperança que se quebrou num instante ao ouvir um canto bizarro e macabro... se esgueirou e espiou de trás de uma árvore, eram 7 e 30 da noite. Presenciou algo que ele que o fez querer vomitar de novo, 12 homens e mulheres de idades variadas, de jovens até idosos, nus dançando e cantando ao redor de uma enorme fogueira... era indescritível, parecia que os ouvidos de Oscar estavam ouvindo algo que não deviam e queriam sangrar por isso, saiu do esconderijo e andou para um pouco mais perto quando começaram a levitar num êxtase insano. E lá viu ele... Gullveig, dessa vez de pé, bípede com uma altura maior de 1 e 80. As patas quebradas e deformadas para ajustar aquele tamanho não natural e seu rosto mais humano que nunca, com um sorriso macabro e vestindo uma capa dourada com leves detalhes de vermelho e olhando diretamente para Oscar... fitando fundo do seu espirito, como se soubesse o que ele pensava, o que ele odiava e gostava, seus hábitos, medos... tudo. Nesse momento Oscar tremia de medo, Não gostava do que via, na verdade odiava o que via.

 

 

Gullveig sorriu mais e disse para aquele que observava todo o ritual. ‘’Oscar... olhe para trás Oscar...’’ e num movimento inconsciente assim o fez. Apenas ser acertado no intestino, a criatura que o atacou tinha cerca de 5 metros, usava uma capa roxa e sua cabeça era no forma de um crânio de um animal que ele não podia identificar, e seus membros feitos de madeira. Olhou para trás e viu que as bruxas que cantavam e dançavam no ar pararam e o observavam. Os olhos brilhando na escuridão. Oscar reuniu todas as forças, se levantou e correu o máximo que podia, a dor latejante o debilitava e foi surpreendido por Gullveig que pulou bem a sua frente, desta vez em quatro patas, a corcunda bizarra e os membros quebrados estalando a cada movimento. Oscar correu, todavia, a fera sempre o alcançava e seus esforços pareciam inúteis, quando vacilou e caiu, contudo num ato desesperado pegou uma pedra e atingiu a fera em cheio no rosto o que a desnorteou por um momento e com isso conseguiu despista-la brevemente e se escondeu numa pequena depressão, então ouviu a voz de sua filha. ‘’Pai, cadê você? Eu estou com medo, pai por favor!’’. Oscar queria sair, mas não era sábio? E se as criaturas estivessem o enganando? Olhou de leve e ficou cara a cara com Gullveig com a boca se deformando pouco a pouco enquanto continuava com a voz da filha de Oscar. ‘’Pai me ajuda’’. Começou a chorar e tentou correr, contudo foi pego de surpresa pela outra besta que com um perfurou seu torso por completo e o ergueu no ar... ele então disse ‘’Adeus Oscar’’ e nos seus últimos momentos ele se perguntou duas coisas: por quê? e onde está Ingrid?

 

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