A grande tragédia de Kiporvisk
Era uma vez, um pequeno burgo no antigo reino da boémia, no ano de 1365. De fato era um lugar prospero em paradoxo com os feudos de lá, o sol brilhava forte lá e as terras, férteis as quais rendiam plantações abundantes que garantiam riquezas para a cidade. Lá todos eram irmãos e irmãs, unidos e felizes onde até mesmo o mais infeliz dos bandidos tinha um certo tom de virtude, as casas eram grandes e formosas que garantiam uma boa vida para todos, festivais quase semanais e crianças brincando felizmente na rua que maravilha. Lá também tinha uma garota, a felicidade de todos que por lá passavam e seu nome era Eva, cabelos longos da cor de castanho claro, olhos doces e carinhosos e um sorriso belo e cheio de bondade. ‘’Uma verdadeira santa’’ dizia o padre do burgo, ela passeava todos os dias, ‘’bom dia vizinho’’ ela dizia para todos que passavam por lá a vida em karpovisk era como um Éden. Era então um belo domingo e Eva saia da missa acompanhada de seu pai... ‘’ garota belissima’’ pensava ele, todos os homens pensavam isso. Andavam tranquilamente até que Eva esbarrou numa moça e caiu no chão. Seu pai imediatamente foi socorre-la com preocupação e Eva disse para a moça ‘’desculpe-me cara irmã, acabei me desleixando’’.a mulher que vestia uma capa preta só a ignorou e continuou seu caminho.
Naquela mesma noite, Eva orava antes de dormir, um habito cotidiano de fato. ‘’ME AJUDEM’’, alguém gritará na rua, a principio ela achara que era coisa da sua cabeça isso acontecia as vezes, mas os gritos continuaram ‘’ME AJUDEM’’, o que acontecia pensava Eva, ela olhou através da janela e viu pessoas correndo na rua para ver o que era, seu pai entrou no quarto e disse ‘’eva fique aqui’’, mas Eva era curiosa e decidiu ver o que era de um jeito ou de outro e saiu de fininho pela parte de trás da casa para ver e chegando lá meu Deus que cena horrorosa... um homem estava dilacerado e desmembrado, amarrado a um poste sua mandíbula destroçada e seus olhos fitando o vazio da noite, uma cena ritualística. Imediatamente todos começaram a se desesperar murmuravam ‘’como isso pode acontecer em nosso precioso burgo?’’; era uma cena horrenda e alguém gritou ‘’só pode ser obra de uma bruxa!’’ e o desespero aumentou mais ainda...
Na manhã seguinte, o padre subirá ao palanque do burgo e gritará ao povo ‘’meus irmãos e irmãs e filhos de Deus, está mais que obvio que isso foi obra de uma bruxa que atentara contra vosso lar e matará um de nós mas não se preocupem, já encontramos a serva de satã que cometeu tal afronta contra o senhor e nossa união’’ e então apareceram puxando uma idosa chamada Gertrude. ‘’impossivel essa senhora ter cometido tal ato! Ela mal consegue levantar uma vassoura!”. Mas já era tarde e a velha já tinha sido sentenciada a forca e executada em nome de Deus, e tudo parecia ter se resolvido e todos voltaram a suas rotinas normais, alheios à morte que acabará de acontecer, murmuravam entre si ‘’caramba nunca imaginei que Gertrude era uma bruxa. Bem feito!’’.
Eva não conseguia tirar essa ideia da cabeça, como uma pobre idosa poderia ser uma bruxa? Tudo se manteve bem nas próximas semanas, até o sábado... Eva havia ido comprar alimentos para a janta quando passou pelo jovem Milo, um garotinho de uns 8 anos, ao passar por Eva disse ‘’bom dia Eva’’, e ela sorriu, seus doces lábios de mel brilhando levemente com o sol e ela disse ‘’para onde vai milo?’’ ele sorriu e respondeu ‘’para a floresta procurar meu cachorro’’ Eva acenou o que significava boa sorte e lá se foi o garoto sozinho para a floresta mesmo que tenha sido avisado para não fazer tal. Mais tarde contudo ele não retornou, muitos diziam para suas crianças ‘’viu só? Nisso que dá desobedecer seus pais’’ mesmo enquanto a mãe de Milo chorava e logo um grupo foi reunido para procura-lo, não demorou muito para acha-lo... morto diria-se até que foi por um animal mas foi uma morte limpa demais... como num outro ritual e o burgozinho mais uma vez entrará em pânico, ‘’como isso é possível? Matamos a bruxa!’’ e logo apontaram o pai de Milo como o culpado, um individuo mais quieto e reservado, que havia ido na floresta mais cedo. O padre fez um sermão e logo o pai do garoto foi executado também na forca, assim como a pobre Gertrude e todos ficaram aliviados que o mal havia sido e a paz iria reinar novamente.
‘’quanta tolice’’, Eva pensava sabia o qual errado isso foi. E sabia que Deus não queria aquilo, mas quem era ela para contestar? A vida na cidade seguia feliz até a próxima tragedia, dessa vez uma mulher foi encontrada morta num beco e mais uma vez o animo da cidade se exaltou e o padre logo apontou um culpado que foi executado logo logo, mas dessa vez os cidadãos não se acalmaram... a paranoia começou a reinar a alma deles e o medo começou a enlouquece-los.
Semana a semana, alguém era executado ao ser difamado como bruxo, vizinhos que antes eram bons companheiros suspeitavam um do outro, marido e mulher olhavam para o outro como um falcão vigilante, a procura de algo estranho que pudesse manda-lo para a forca, os bandidos se tornaram infames, não importava agora, de um jeito ou de outro iriam morrer, e o sol parava de brilhar. Eva tentava manter seu sorriso, mesmo que até seu pai tenha caído na histeria coletiva do burgo e mandando dois vizinhos para a forca, os jantares ficaram... estranhos o pai de Eva não a olhava do mesmo jeito, fitava-a não mais como um pai olha para uma filha, parecia que... abandonaram tudo aquilo que os unia e se renderam ao medo e a si mesmos... mesmo com tudo Eva tentava se manter otimista, mesmo com a decadência de seu lar que ocorreu assim como ocorreu com o rei Salomão. Tudo estava sujo, podre, nojento; mas Eva permanecia casta, pura e tentava ver o melhor.
O padre gritava diariamente, os sermões agora eram nas ruas, ‘’irmãos! Lembrem-se, O senhor está conosco, e nenhum servo do mal vos atentará!’’, era irônico, eles mesmo se tentavam, as plantações não rendiam e por isso alguém morria, viajantes e comerciantes por lá não passavam e por isso, CRACK! alguém morria. A matança foi tanta que acabaram ficando sem cordas para as execuções e começaram a utilizar o que tinham para acabar com o ‘’mal’’ que infestava a vida de todos, Eva pensava enquanto chorava as escondidas ‘’o demônio deve estar rindo de nós, como é possível isso?’’. Ela só queria o fim disso tudo. O lugar onde ela nasceu e cresceu, se tornou a terra do enxofre e da tortura.
Era então a noite de domingo, Eva jantava com seu pai, outrora um individuo do bem agora tornara-se um caçador de ‘’bruxas’’ avido, ele fitava Eva com o mesmo olhar de sempre... ‘’garota bonita’’ pensava ele, Eva não aguentava mais sabia o que ele pensava. Levantou-se dizendo ‘’vou para meu quarto’’; ele levantou-se num tiro e agarrou o braço dela dizendo ‘’eu não lhe dei permissão...’’ seu hálito era horroso e Eva viu sua mão se movimentando, sabia o que ele pretendia e num instante o estapeou com força, fazendo-o bater o rosto contra a mesa e por consequência seu nariz começou a sangrar. Ele gritou ‘’BRUXA!’’, Eva tremeu, começou a chorar e correu, correu e correu mas num instante como uma legião de formigas num frenesi os habitantes perseguiram ela e a prenderam.
Na manhã seguinte Eva chorava lagrimas o suficiente para encher o rio tigre e Eufrates enquanto aguardava sua execução. Foi posta sobre o palanque, sua cabeça posta num pedaço de madeira, o carrasco afiava seu machado e quando terminará. O padre começou seu discurso e então seu sermão mas o tolo se descuidou; errou uma palavra e carrasco virou uma besta e gritou ‘’FALSO PROFETA!’’. CLANG!. e a cabeça do padre voou pelo ar, jatos de sangue voando como cobras loucas e nesse momento todos enlouqueceram e começaram a atacar uns aos outros, Eva tentou correr por sua vida mas foi esfaqueada. Oh pobre Eva destruída pelo destino... ela caiu no chão seu coração parando pouco a pouco de bater enquanto seu sangue saia de seu corpo como a água sai de um rio numa enchente e lá Eva viu... A bruxa, a verdadeira bruxa, trajando uma capa preta que ocultava seus olhos, ela sorria em branco... sorria para o caos, sorria para a morte, sorria para tudo aquilo e naquele dia Karpoviski foi destruída.
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