O grande rei
Certo dia o império do rei ruiu. Disse então ele “Isso é impossível! Eu tinha toda a terra do mundo e todo o dinheiro do mundo, todo o poder, as mais belas mulheres, todos os recursos e comida e eu dizimei todos os meus inimigos e aquilo que eu ainda não tinha eu tomei!”. A Morte então disse-lhe “nada, de fato, pode-se fazer contra o martelo da lei”. O rei então retrucou “Então obedeça-me, pois eu sou a lei!” E a morte retrucou “infelizmente, de nada valem as leis humanas tão pouco nada valem as suas palavras”. O rei furioso empunhou sua espada e atacou a Morte, porém o golpe nada fez e ela disse “infelizmente também armas humanas também não tem valor, na verdade está sendo mesquinho” ela então pegou a espada do rei e guardou consigo. O rei então bateu o pé no chão, cruzou os braços e disse “Pois saiba então que eu lhe nego!”. A Morte respondeu “o que?” e o rei repetiu “Eu lhe nego! Nada pode tirar minhas conquistas de mim, nem você! Recuso-me a ir!”. A morte respondeu “estás fazendo birra” e o rei retrucou “Se lhe nego você não existe!”. A Morte suspirou e disse “e eu dependo de você para existir?” e o rei retrucou “como?” e a morte respondeu “mesmo que todo ser humano da terra fizesse que nem ti, eu ainda existiria e ainda iria levar as almas humanas, fato é que poder nenhum tu tens senão sobre sua pança e nada mais”. O rei ficou furioso e disse “pois então que me leve! Mas saiba que meu legado continuará”. E a Morte então disse “eu duvidaria disso” e o rei olhou contrariado “como?” E a Morte o levou até a janela e mostrou seu reino em decadência e disse “Tu vê? A chama de Mefistófeles consome teu reino, os ratos correm soltos e tudo é roubado. O trabalho de teu pai? Desfeito num piscar de olhos, como um castelo de areia, devorado num instante por netuno. E você? Não será lembrado e se for não com bons olhos e não servirá de exemplo para o rodízio de déspotas que virão após você. Na verdade muitos deles não serão melhor que você e outros impotentes que nem você”. O rei olhou abalado e disse “está errada! Meus filhos, que são infinitamente belos, seguirão meu legado” e a Morte disse “e eles estão vivos?” e o rei olhou confuso e então percebeu o que ela queria dizer. Correu pelo castelo, correndo entre a água pesada e escura, correndo de quarto em quarto, mas nunca chegando a lugar nenhum. A Morte então levantou-o e levou-o até uma fenda e disse “teus filhos? Mortos pela água, pela enchente que surgiu desta fenda. Ela sempre esteve aberta, mas silente e a água entrou toda de uma vez, violando teu domínio e ceifando aqueles que após a tua morte iriam se canibalizar para virar você”. A Morte então o levou para outra sala e fez ele sentar numa cadeira e o médico real veio e o examinou. Mediu os batimentos cardíacos, checou a pressão, os olhos e então disse “indiscutivelmente este homem está doente! Uma doença crônica, está cego, não vê direito, alucina! Talvez não haja salvação”. O rei então finalmente percebeu, realmente estava cego. Via nada a sua frente e só escutava vozes, ouvidas, mas não ouvidas. Sentia febre e percebeu, sua perna quebrou? Quando? Talvez quando buscava seus filhos e tropeçou. Alguns criados então entraram na sala e despiram o rei e ele foi levado, se movendo em quatro patas. Cada movimento o causava dor. Foi levado ao pátio e caiu na lama. Escutou então o relincho de um cavalo e um executor disse “por ordem do novo cônsul do império, o antigo rei deverá ser infelizmente abatido por conta de seus ferimentos. O rei então sentiu uma dor no pescoço. Uma agulha. O veneno correu nas veias e então ele apagou. Suas ultimas palavras? “Droga! Droga! Droga! Por quê eu? Por quê meu império, o império do homem não pode durar?”
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